Uma
névoa de Outono o ar raro vela,
Cores
de meia-cor pairam no céu.
O
que indistintamente se revela,
Árvores,
casas, montes, nada é meu.
Sim,
vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim,
sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas
entre mim e ver há um grande sono.
De
sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã,
se estiver um dia igual,
Mas
se for outro, porque é amanhã,
Terei
outra verdade, universal,
E
será como esta [...]
(Fernando
Pessoa, em Uma Névoa de Outono)
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