Edouard Manet
“Cadeiras de plástico, uma mesa de fórmica e duas
salas com portas escancaradas: o espaço reservado às denúncias de furto a
pedestres parecia ser nada mais do que o limbo das bolsas femininas
desaparecidas. Cinco mulheres, de idades variadas, estavam sentadas em
silêncio. Numa das salas, uma velhinha, usando bengala e com um grande curativo
no supercílio, contava soluçando o roubo da rua. O homem de cabelos brancos que
a acompanhava, confuso, já não sabia para onde olhar. Laurent se encontrava num
dos purgatórios da vida, aqueles lugares onde esperamos nunca precisar entrar:
urgências medicas, alfândegas de aeroporto, centros de reeducação... diante de
cujas fachadas passamos pensando que estamos melhor do lado de fora, mesmo
quando chove.”
(Antoine Laurain, no livro A caderneta vermelha)
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