Charles Hoffbauer
Ouço a chuva cair. Olho as ruas molhadas.
Penso nas violetas e nos jardins em flor.
Desce ao meu coração uma paz sem memória.
Desce ao meu coração uma doçura imensa…
Lembro o amor a dormir tranquilo e sossegado
A rua esquiva e sem pregões, a rua pobre,
A rua humilde e a casa pequenina, em que se abriga
Lembro a infância que foi e outras manhãs já longe.
Sinto a vida como a chuva descendo
Sobre os quietos beirais, sobre as ruas, descendo
Sinto que o tempo é bom porque não para nunca
Um ritmo de abrigo envolve as coisas, tudo,
Vontade de dormir o grande sono calmo
Ouvindo a chuva triste e mansa a descer sobre mim.
(Augusto Frederico Schmidt, no poema Canção da
breve serenidade)
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