Belo
belo minha bela
Tenho
tudo que não quero
Não
tenho nada que quero
Não
quero óculos nem tosse
Nem
obrigação de voto
Quero
quero
Quero
a solidão dos píncaros
A
água da fonte escondida
A
rosa que floresceu
Sobre
a escarpa inacessível
A
luz da primeira estrela
Piscando
no lusco-fusco
Quero
quero
Quero
dar volta ao mundo
Só
num navio de vela
Quero
rever Pernambuco
Quero
ver Bagdá e Cusco
Quero
quero
Quero
o moreno da Estela
Quero
a brancura da Elisa
Quero
a saliva da Bela
Quero
as sardas da Adalgisa
Quero
quero tanta coisa
Belo
belo
Mas
basta de lero-lero
Vida
noves fora zero.
(Manuel Bandeira, em Belo Belo)
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