Annette Kagy
“O
pai descobrira a leitura como remédio contra o tédio nos salões vazios do museu
e, depois de tomar gosto, lera tudo o que lhe caía nas mãos. ‘Agora você também
se refugia nos livros’, dissera-lhe a mãe quando o filho também descobriu a
leitura. Doera a Gregorius que ela visse as coisas dessa maneira e que não o
compreendia quando ele falava da magia e da luminosidade nas boas frases. Havia
pessoas que liam e havia as outras. Era fácil distinguir se alguém era leitor
ou não. Não havia maior distinção entre as pessoas do que esta. As pessoas
ficavam admiradas quando ele afirmava isso e algumas sacudiam a cabeça perante
tal bizarrice. Mas era assim mesmo. Gregorius o sabia. Sabia-o simplesmente.”
(Mercier Pascal, em Trem Noturno Para Lisboa)
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