Cecilia Rosslee
Agora
que é abril, e o mar se ausenta,
secando-se
em si mesmo como um pranto,
vejo
que o amor que te dedico aumenta
seguindo
a trilha de meu próprio espanto.
Em
mim, o teu espírito apresenta
todas
as sugestões de um doce encanto
que
em minha fonte não se dessedenta
por
não ser fonte d’água, mas do canto.
Agora
que é abril, e vão morrer
as
formosas canções dos outros meses,
assim
te quero, mesmo que te escondas:
amar-te
uma só vez todas as vezes
em
que sou carne e gesto, e fenecer
como
uma voz chamada pelas ondas.
(Lêdo
Ivo, em Soneto de Abril)
Nenhum comentário:
Postar um comentário