Fernando Corrêa e Castro
“Sempre fico fascinado por casas antigas e as
histórias que trazem.” Obinze puxou a grade de metal da varanda, como se
quisesse verificar quão durável era, quão segura, e Ifemelu gostou de ele ter
feito isso. “Alguém vai comprá-la em breve, demoli-la e construir um prédio
cheio de apartamentos de luxo caros demais.”
“Alguém como você.”
“Quando comecei a trabalhar no setor imobiliário,
pensei na hipótese de reformar casas velhas em vez de demoli-las, mas não fazia
sentido. Os nigerianos não compram casas porque elas são antigas. Como um
celeiro de moinho reformado de duzentos anos, sabe, o tipo de coisa da qual os
europeus gostam. Isso não funciona aqui de jeito nenhum. Mas é claro que isso
faz sentido, porque somos do Terceiro Mundo, e pessoas do Terceiro Mundo olham
para a frente, nós gostamos que as coisas sejam novas, porque o que temos de
melhor ainda está por vir, enquanto no Ocidente o melhor já passou, então eles
têm de transformar esse passado num fetiche.”
(Chimamanda Ngozi Adichie, no
livro Americanah)
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