quinta-feira, 6 de julho de 2017

A análise mais interessante...

Luca Signorelli

“A análise mais interessante que se faz do comunismo é considerá-lo uma religião – uma das religiões da salvação terrena. Esse ponto de vista nasceu já no século 19, logo depois de Karl Marx espalhar suas ideias nos pubs londrinos. O raciocínio é o seguinte: a partir do século 16, a revolução científica derrubou a ideia de um mundo justo, em ordem, acabado e sob harmonia divina. Das descobertas de Galileu e Darwin, nasceu a imagem do universo como um lugar caótico, sem finalidade e frequentemente desequilibrado por terremotos, erupções, extinções em massa. As ideias de harmonia divina, de céu e de paraíso foram aos poucos ruindo, apesar disso, as pessoas continuaram negando a vida real em nome de mundos de perfeita harmonia – desta vez, mundos que seriam criados pelo próprio homem. Assim como o cristianismo, o socialismo se baseava em paisagens idílicas. Se os cristãos lutavam para ir para o céu, os comunistas buscavam trazer o céu à Terra. Lutavam pela sociedade revolucionária, um lugar tão perfeito e irreal quanto o paraíso. Como as grandes religiões, o comunismo tinha visões do paraíso, como mostra o programa da Ação Popular. Também tinha culpados pelo pecado original. “Se atribuímos nosso estado ruim a outros ou a nós mesmos – a primeira coisa faz o socialista, a segunda, o cristão, por exemplo – é algo que não faz diferença”, escreveu Friedrich Nietzsche em O Crepúsculo dos Ídolos, de 1888."

(Leandro Norlach, em Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil)

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