Luca Signorelli
“A análise mais interessante que se faz do
comunismo é considerá-lo uma religião – uma das religiões da salvação terrena. Esse
ponto de vista nasceu já no século 19, logo depois de Karl Marx espalhar suas
ideias nos pubs londrinos. O raciocínio é o seguinte: a partir do século 16, a
revolução científica derrubou a ideia de um mundo justo, em ordem, acabado e
sob harmonia divina. Das descobertas de Galileu e Darwin, nasceu a imagem do
universo como um lugar caótico, sem finalidade e frequentemente desequilibrado
por terremotos, erupções, extinções em massa. As ideias de harmonia divina, de
céu e de paraíso foram aos poucos ruindo, apesar disso, as pessoas continuaram
negando a vida real em nome de mundos de perfeita harmonia – desta vez, mundos
que seriam criados pelo próprio homem. Assim como o cristianismo, o socialismo
se baseava em paisagens idílicas. Se os cristãos lutavam para ir para o céu, os
comunistas buscavam trazer o céu à Terra. Lutavam pela sociedade
revolucionária, um lugar tão perfeito e irreal quanto o paraíso. Como as
grandes religiões, o comunismo tinha visões do paraíso, como mostra o programa
da Ação Popular. Também tinha culpados pelo pecado original. “Se atribuímos
nosso estado ruim a outros ou a nós mesmos – a primeira coisa faz o socialista,
a segunda, o cristão, por exemplo – é algo que não faz diferença”, escreveu
Friedrich Nietzsche em O Crepúsculo dos Ídolos, de 1888."
(Leandro Norlach, em
Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil)
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