T. J. Overnell
O verso alexandrino os pegava desprevenidos. As
rimas os atingiam, asfixiando-os de forma tão certa quanto uma surra bem no
plexo.
— Um verso alexandrino é direto como uma espada —
explicara um dia Yvon —, nasceu para acertar o alvo, com a condição de
honrá-lo. Não deve ser declarado como prosa vulgar. Recita-se de pé. É preciso
alongar a coluna de ar para dar vida às palavras e debulhá-lo de suas sílabas
com paixão e ardor, declamá-lo como se faz amor, com grandes golpes de
hemistíquios, no ritmo da cesura. O verso alexandrino lhe apresenta seu ator. E
não há lugar para improviso. Não se pode trapacear com um verso de doze
sílabas, menino.
(Jean-Paul Didierlaurent, no livro O leitor do trem das 6h27)
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