Joseph Leyendecker
“O sujeito tinha opinião sobre tudo, opiniões
formadas que havia muito Guylain tentava não contrariar mais. Durante um tempo,
usara a retórica, tentando explicar ao jovem que nada era tão simples, que
entre o preto e o branco existia toda uma gama de tons, do cinza mais claro ao
mais escuro. Em vão. Guylain acabara se acostumando com a ideia de que Brunner
era um idiota irrecuperável. Irrecuperável e perigoso. Lucien Brunner dominava
com perfeição essa arte de zombar completamente da cara de alguém enquanto faz
cortesias exageradas. De seus ‘Sr. Vignolles’, cheios de condescendência,
emanava um desdém implícito. Brunner era uma cobra da pior espécie, pronta para
picar ao menor passo em falso, e Guylain se esforçava incessantemente para
manter distância, permanecer fora do alcance de suas presas. Para coroar a
situação, esse babaca adorava o trabalho de carrasco.”
(Jean-Paul Didierlaurent,
no livro O leitor do trem das 6h27)
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