William Herbert Dunton
“Lila sabia falar por meio da escrita;
diferentemente de mim quando escrevia, diferentemente de Sarratore em seus
artigos e poesias, diferentemente até de muitos escritores que eu tinha lido e
lia, ela se expressava com frases de um extremo apuro, sem nenhum erro, mesmo
sem ter continuado os estudos, mas – além disso – não deixava nenhum vestígio
de inaturalidade, não se sentia o artifício da palavra escrita. Eu lia e, ao
mesmo tempo, podia vê-la, escutá-la. Sua voz era um fluxo que me arrebatava e
me transportava como quando discutíamos entre nós, e no entanto era
inteiramente depurada das escórias de quando se fala, da confusão oral; tinha a
ordem viva que eu imaginava devesse caber ao discurso dos que tivessem a sorte
de nascer da cabeça de Zeus, e não dos Greco, dos Cerullo.”
(Elena Ferrante, no
livro A amiga genial)
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