Madre Teresa de Calcutá
Um espaço criado para dividir palavras - palavras interessantes, belas, reflexivas, divertidas, fortes, questionadoras, encantadoras, confortantes, enfim, todas as capacidades infinitas daquilo que faz do homem um ser sagrado: a palavra.
sábado, 31 de março de 2018
sexta-feira, 30 de março de 2018
quinta-feira, 29 de março de 2018
Salvador - 469 anos
Aldinho Mendonça
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra de Nosso Senhor
Pedaço de terra que é meu
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra do branco mulato
A terra do preto doutor
São Salvador, Bahia de São Salvador
A terra do Nosso Senhor
Do Nosso Senhor do Bonfim
Oh Bahia, Bahia cidade de São Salvador
Bahia oh, Bahia, Bahia cidade de São Salvador
(Dorival Caymmi, na música São Salvador)
quarta-feira, 28 de março de 2018
Sempre que me procuro...
Duy Huynh
Sempre que me procuro e não me encontro em mim,
pois há pedaços do meu ser que andam dispersos
nas sombras do jardim,
nos silêncios da noite,
nas músicas do mar,
e sinto os olhos, sob as pálpebras, imersos
nesta serena unção crepuscular
que lhes prolonga o trágico tresnoite
da vigília sem fim,
abro meu coração, como um jardim,
e desfolho a corola dos meus versos,
faz-me lembrar a alma que esteve em mim,
e que, um dia, perdi e vivo a procurar
nos silêncios da noite,
nas sombras do jardim,
na música do mar…
(Hermes Fontes, no poema Jogos de sombras)
terça-feira, 27 de março de 2018
O livro nas mãos...
Henry Moore
“O livro nas mãos do padre foi como isca para os
olhos de Antonio José Bolívar. Pacientemente, esperou até que o padre, vencido
pelo sono, o deixasse cair de um lado.
Era uma biografia de São Francisco, a qual ele
examinou furtivamente, sentindo que ao fazê-lo cometia um pequeno roubo.
Juntava as sílabas, e à medida que o fazia, o
desejo de compreender tudo o que havia naquelas páginas o levou a repetir a
meia voz as palavras capturadas.
O padre despertou e observou, divertido, Antonio
José Bolívar com o nariz metido no livro.
— É interessante? — perguntou.
— Desculpe, eminência. Mas eu o vi dormindo, e não
quis incomodá-lo.
— Interessa-lhe? — repetiu o padre.
— Parece que fala muito de animais — respondeu
timidamente.
— São Francisco amava os animais. Amava todas as
criaturas de Deus.
— Eu também gosto deles. À minha maneira. O senhor
conhece São Francisco?
— Não. Deus me privou de tal prazer. São Francisco
morreu há muitíssimos anos. Quer dizer, deixou a vida terrena e agora vive
eternamente junto ao criador.
— Como sabe disso?
— Porque li o livro. É um dos meus preferidos.
O padre enfatizava suas palavras acariciando a rafada
brochura. Antonio José Bolívar o olhava enlevado, sentindo a coceira da inveja.
— O senhor leu muitos livros?
— Uma porção. Antes, quando ainda era jovem e meus
olhos não se cansavam, devorava toda obra que parasse em minhas mãos.
— Todos os livros tratam de santos?
— Não. No mundo há milhões e milhões de livros. Em
todas as línguas, e abrangem todos os temas, inclusive alguns que deveriam
estar proibidos aos homens.
Antonio José Bolívar não entendeu aquela censura e
continuou com os olhos cravados nas mãos do padre, mãos gorduchas, brancas
sobre a brochura escura.
— De que falam os outros livros?
— Já lhe disse. De todos os temas. Há livros de
aventuras, de ciência, histórias de seres virtuosos, de técnica, de amor…
O último interessou-lhe. Conhecia do amor aquilo
que ouvia nas canções, especialmente nos pasillos
cantados por Jurito Jaramillo, cuja voz de guaiaquilenho pobre às vezes
escapava de um rádio de pilhas tornando os homens taciturnos. Segundo os pasillos, o amor era como uma picada de
um inseto invisível, mas procurado por todos.
— Como são os livros de amor?
— Temo que não possa lhe falar disso. Não li mais
que um par.
— Não importa. Como são?
— Bem, contam a história de duas pessoas que se
conhecem, se amam e lutam para vencer as dificuldades que os impede de ser
felizes. ”
(Luís Sepúlveda, no livro Um velho que lia romances
de amor)
segunda-feira, 26 de março de 2018
Do espelho da tua sala...
Hubert-Denis Etcheverry
Do espelho da tua sala,
procura o exemplo seguir:
ele reflete e não fala,
tu falas sem refletir…
(Carlos Guimarães)
sábado, 24 de março de 2018
sexta-feira, 23 de março de 2018
Dia do Contador de Histórias
Maurício de Sousa
“Se
quiser falar ao coração dos homens, há que se contar uma história. Dessas onde
não faltem animais, ou deuses e muita fantasia. Porque é assim – suave e
docemente que se despertam consciências.”
(Jean de La Fontaine, poeta e
fabulista francês)
quinta-feira, 22 de março de 2018
quarta-feira, 21 de março de 2018
21 de Março - Dia Mundial da Poesia
T. J. Overnell
O verso alexandrino os pegava desprevenidos. As
rimas os atingiam, asfixiando-os de forma tão certa quanto uma surra bem no
plexo.
— Um verso alexandrino é direto como uma espada —
explicara um dia Yvon —, nasceu para acertar o alvo, com a condição de
honrá-lo. Não deve ser declarado como prosa vulgar. Recita-se de pé. É preciso
alongar a coluna de ar para dar vida às palavras e debulhá-lo de suas sílabas
com paixão e ardor, declamá-lo como se faz amor, com grandes golpes de
hemistíquios, no ritmo da cesura. O verso alexandrino lhe apresenta seu ator. E
não há lugar para improviso. Não se pode trapacear com um verso de doze
sílabas, menino.
(Jean-Paul Didierlaurent, no livro O leitor do trem das 6h27)
Outono - Hemisfério Sul
Freddie Langeler
Vem o outono as folhas caem,
sopra o vento devagar.
Ilusões nunca se esvaem
ficam no mesmo lugar.
(Therezinha Radetic)
Primavera - Hemisfério Norte
Ellen Lerner O'Donnell
Primavera colorida,
estação de belas flores!
A primavera da vida
lembra a estação dos amores.
(Lêda Terezinha de Oliveira)
segunda-feira, 19 de março de 2018
Teu retrato, enraivecida...
Jean Baptiste Marie-Pierre
Teu retrato, enraivecida,
eu rasguei, sem embaraços…
mas a saudade, atrevida,
juntou de novo os pedaços!…
(Marilúcia Rezende)
sábado, 17 de março de 2018
sexta-feira, 16 de março de 2018
quinta-feira, 15 de março de 2018
E no outro vai embora...
Margret Boriss
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou
Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
(Almir Sater, na música Tocando em frente)
quarta-feira, 14 de março de 2018
Amanhã!
Julia Breckenreid
Amanhã!
Será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar
Amanhã!
Redobrada a força
Prá cima que não cessa
Há de vingar
Amanhã!
Mais nenhum mistério
Acima do ilusório
O astro rei vai brilhar
Amanhã!
A luminosidade
Alheia a qualquer vontade
Há de imperar!
Há de imperar!
Amanhã!
Está toda a esperança
Por menor que pareça
Existe e é prá vicejar
Amanhã!
Apesar de hoje
Será a estrada que surge
Prá se trilhar
Amanhã!
Mesmo que uns não queiram
Será de outros que esperam
Ver o dia raiar
Amanhã!
Ódios aplacados
Temores abrandados
Será pleno!
Será pleno!
(Guilherme Arantes, na música Amanhã)
Dia Nacional da Poesia
Angelo Morbelli
“Um poema é um segredo dividido entre duas pessoas
que nunca se encontraram.”
(Charles Simic, poeta sérvio)
segunda-feira, 12 de março de 2018
12 de Março - Dia do Bibliotecário
George Bacon Wood
“A leitura está no centro de nossas vidas. A
biblioteca é o nosso cérebro. Sem a biblioteca não temos civilização.”
(Ray
Bradbury, escritor estadunidense)
sábado, 10 de março de 2018
sexta-feira, 9 de março de 2018
quinta-feira, 8 de março de 2018
8 de Março - Dia Internacional da Mulher
Cid Morrone
Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda!
Eu que faço parte da rotina de uma delas
Sei que a força está com elas
Vejam como é forte a que eu conheço
Sua sapiência não tem preço
Satisfaz meu ego, se fingindo submissa
Mas no fundo me enfeitiça
Quando eu chego em casa à noitinha
Quero uma mulher só minha
Mas pra quem deu luz não tem mais jeito
Porque um filho quer seu peito
O outro já reclama a sua mão
E o outro quer o amor que ela tiver
Quatro homens dependentes e carentes
Da força da mulher
Mulher! Mulher!
Do barro de que você foi gerada
Me veio inspiração
Pra decantar você nessa canção
Mulher! Mulher!
Na escola em que você foi ensinada
Jamais tirei um 10
Sou forte, mas não chego aos seus pés
(Erasmo Carlos, na música Sexo Frágil)
quarta-feira, 7 de março de 2018
Enquanto a sua mente...
Georg Friedrich Kersting
“Enquanto a sua mente se envolvia com o assunto e
se engalfinhava com a força da literatura que estudava e cuja autêntica
natureza ele tentava entender, sentia uma contínua transformação em seu íntimo
e, ao ter consciência disso, saía de si mesmo e entrava no mundo que o
continha, e assim entendia que o poema de Milton ou o ensaio de Bacon ou o
drama de Ben Jonson que estava lendo haviam transformado o mundo que era o seu
assunto, e conseguiram transformá-lo em virtude de sua dependência dele.”
(John
Williams, no livro Stoner)
terça-feira, 6 de março de 2018
À beira de um precipício...
Oksana Grineva
“À beira de um precipício só há uma maneira de
andar para a frente: é dar um passo para trás.”
(Michel de Montaigne, filósofo francês)
segunda-feira, 5 de março de 2018
sábado, 3 de março de 2018
sexta-feira, 2 de março de 2018
quinta-feira, 1 de março de 2018
Rio de Janeiro - 453 anos
Marcelo Vieira
Cariocas são bonitos
Cariocas são bacanas
Cariocas são sacanas
Cariocas são dourados
Cariocas são modernos
Cariocas são espertos
Cariocas são diretos
Cariocas não gostam de dias nublados
Cariocas nascem bambas
Cariocas nascem craques
Cariocas tem sotaque
Cariocas são alegres
Cariocas são atentos
Cariocas são tão sexys
Cariocas são tão claros
Cariocas não gostam de sinal fechado
(Adriana Calcanhoto, na música Cariocas)
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