sábado, 28 de julho de 2012

Embora adore hotéis...


“Embora adore hotéis, a experiência de morar numa casa dá chance de fazer compras no mercado no sábado, aventurar-se até o açougue, a florista, a bodega mamãe-e-papai, e a frutta e verdure. De repente você está se relacionando de uma forma diferente com o lugar e, quando permaneci algumas semanas, fiquei conhecida pelos vizinhos e comecei a aprender os ritmos de suas vidas. Quando você está guardando as cebolas, lavando o alho-poró, virando as páginas de um livro de culinária local, os aromas da sua cozinha tornam-se um marco territorial. Eu morei aqui. Mesmo que por pouco tempo. Quando chega a hora de partir, muitas vezes fico desorientada. O tomilho que plantei na porta da frente está florindo. Minhas próprias raízes tenras invadiram o solo estrangeiro. A angústia da mudança entra pela medula. Mesmo quando quero me mudar, o desenraizamento é traumático.”

(Frances Mayes, em Um Ano de Viagens)

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