quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Na infância, somos todos loucos...


“Na infância, todos somos loucos; quer dizer, todos somos possuídos por uma imaginação sem domesticar e vivemos numa região crepuscular da realidade em que tudo é possível. Educar uma criança pressupõe limitar seu campo visual, apequenar o mundo e dar-lhe uma forma determinada, para que ela se adapte às normas específicas de cada cultura. (...) A realidade não passa de uma tradução redutora da enormidade do mundo, e o louco é aquele que não se adapta a essa linguagem. De maneira que crescer e adquirir a sensatez do cidadão adulto implica, de alguma maneira, deixar de saber coisas e perder aquele olhar múltiplo, caleidoscópico e livre sobre a vida monumental, sobre essa vida total que é grande demais para se poder manipulá-la, como a baleia é grande demais para ser vista por completo.”

(A louca da casa, de Rosa Montero)

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