“Comparado com esses excêntricos, como sou
normal, pensou. Mas não se sentiu desanimado ou inferior. Considerava a
felicidade que encontrara nas suas solitárias práticas higiênicas e, sobretudo,
no amor da sua mulher, uma compensação suficiente para a sua normalidade. Para
que, tendo isso, precisaria ser rico, famoso, extravagante, genial? A modesta
escuridão que era a sua vida aos olhos dos outros, essa rotineira existência de
gerente de uma companhia de seguros, escondia algo que, com toda certeza,
poucos congêneres usufruíam ou sequer suspeitavam que existisse: a felicidade
possível. Transitiva e secreta, sim, mínima até, mas certa, evidente, noturna,
viva.”
(Mário Vargas Llosa, em Elogio da Madrasta)
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