segunda-feira, 28 de julho de 2014

Comparado com esses excêntricos...

Comparado com esses excêntricos, como sou normal, pensou. Mas não se sentiu desanimado ou inferior. Considerava a felicidade que encontrara nas suas solitárias práticas higiênicas e, sobretudo, no amor da sua mulher, uma compensação suficiente para a sua normalidade. Para que, tendo isso, precisaria ser rico, famoso, extravagante, genial? A modesta escuridão que era a sua vida aos olhos dos outros, essa rotineira existência de gerente de uma companhia de seguros, escondia algo que, com toda certeza, poucos congêneres usufruíam ou sequer suspeitavam que existisse: a felicidade possível. Transitiva e secreta, sim, mínima até, mas certa, evidente, noturna, viva.”

(Mário Vargas Llosa, em Elogio da Madrasta)

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