Um espaço criado para dividir palavras - palavras interessantes, belas, reflexivas, divertidas, fortes, questionadoras, encantadoras, confortantes, enfim, todas as capacidades infinitas daquilo que faz do homem um ser sagrado: a palavra.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Ouvir a voz dela...
“Ouvir a voz dela, confirmar a sua proximidade e a sua existência, encheu-o de satisfação. ‘A felicidade existe’, repetiu, como todas as noites. Sim, desde que fosse procurada onde possível. No corpo próprio e da amada, por exemplo; a sós e no banheiro; durante horas ou minutos numa cama compartilhada com o ser tão desejado. Porque a felicidade era temporária, individual, excepcionalmente dual, raríssima vez tripartida e nunca coletiva, municipal. Estava escondida, pérola em sua concha marinha, em certos ritos ou práticas cerimoniais que ofereciam ao ser humano lufadas e miragens de perfeição. É preciso se contentar com essas migalhas para não viver ansioso e desesperado, apalpando o impossível.”
(Mário Vargas Llosa, em Elogio da Madrasta)
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